Na semana passada conversei com um dos papas da tokenização no Brasil que me deu um desafio. Escrever sobre o tema para vocês. Obrigado, Rubens Neinstein pela provocação.
A tokenização é o processo de transformar ativos reais ou digitais em tokens, que são representações digitais desses ativos registradas em uma blockchain. Esses tokens podem representar desde ações e imóveis até obras de arte e contratos. A principal vantagem da tokenização é a democratização do acesso a investimentos, pois possibilita a fragmentação do ativo, permitindo que pequenos investidores adquiram frações de grandes empreendimentos.
A tecnologia que possibilita a tokenização é a blockchain.
Trata-se de um sistema de registro descentralizado e imutável, no qual todas as transações são verificadas por uma rede de computadores e armazenadas em blocos de dados interligados, formando uma cadeia.
A blockchain garante transparência, segurança e rastreabilidade para as transações de tokens, eliminando a necessidade de intermediários e reduzindo o risco de fraudes. Isso é crucial para a tokenização, pois permite que os tokens sejam negociados com confiança em plataformas digitais, mantendo a integridade dos ativos subjacentes.
Os tipos de tokens mais comuns são: tokens de pagamento, que funcionam como criptomoedas; tokens utilitários, que dão acesso a um serviço ou produto; e security tokens, que representam direitos financeiros sobre um ativo subjacente, como participação em uma empresa ou em um imóvel.
No Brasil, a tokenização ainda está em fase de desenvolvimento, mas tem ganhado tração rapidamente, especialmente no setor imobiliário, principalmente pelo fato do token ficar vinculado a matrícula do imóvel, nos demais países a dinâmica é diferente. O mercado financeiro e de capitais já começa a explorar a tokenização de ativos como uma forma de aumentar a liquidez e reduzir custos operacionais.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tem se mostrado receptiva, criando regulamentações que facilitam a adoção dessas tecnologias, o que é um sinal positivo para o futuro da tokenização no país.
Entre os principais players que têm se destacado no Brasil, estão a Construtivo, uma das pioneiras em tokenização imobiliária, a Insignia, que atua com tokenização de contratos de financiamento e ativos financeiros, e a Housi, que utiliza tokens para facilitar o acesso a investimentos em imóveis. Além disso, empresas como a Infracommerce e a BTG Pactual têm explorado a tokenização de outros tipos de ativos, como infraestrutura e participações em empresas.
Um case de sucesso recente no Brasil é o da Tokenizadora Brasileira, que lançou uma plataforma de tokenização imobiliária onde investidores podem comprar frações de imóveis de alto padrão por meio de tokens. Esse modelo inovador não apenas facilita o acesso ao mercado imobiliário para pequenos investidores, como também aumenta a liquidez dos ativos imobiliários, tradicionalmente de baixa liquidez.
No entanto, o principal desafio para a massificação da tokenização reside na educação do mercado e na desmistificação das tecnologias subjacentes, como blockchain e contratos inteligentes, além de uma complexidade jurídica.
Muitos investidores e empresas ainda possuem receios quanto à segurança e à regulamentação desses ativos digitais, o que demanda iniciativas de esclarecimento e formação para fomentar a confiança e a adoção em larga escala.
No cenário global, Suíça se destaca como uma referência em tokenização. O país tem se posicionado na vanguarda da inovação digital, criando um ambiente regulatório favorável para o desenvolvimento e a adoção de tecnologias baseadas em blockchain.
A Suíça abriga o “Crypto Valley”, um hub global para empresas de blockchain, e foi uma das primeiras nações a estabelecer diretrizes claras para a emissão e negociação de security tokens. Esse ambiente propício fez com que o país se tornasse um modelo para outras nações que buscam explorar o potencial da tokenização.
A evolução da tokenização no Brasil promete ser robusta, com expectativas de que a tecnologia se expanda para outros setores, como o agronegócio e o mercado de arte.
À medida que as regulamentações se solidificam e o mercado ganha maturidade, a tendência é que a tokenização se torne uma ferramenta indispensável para a captação de recursos e democratização de investimentos, consolidando-se como uma revolução no mercado financeiro. Inspirando-se em exemplos internacionais, como a Suíça, o Brasil tem o potencial de se tornar um dos líderes na adoção e implementação dessa tecnologia inovadora.